Tendinites do Ombro
O que é a Tendinites do Ombro?
Tendinite do ombro, também designada por tendinopatia do ombro, é um termo genérico que abrange diferentes patologias do ombro mas que se refere normalmente à inflamação e degeneração dos tendões que compõem a coifa dos rotadores. A tendinite da coifa dos rotadores é a causa mais frequente de dor no ombro e está associada a elevado grau de absentismo no trabalho e à degradação da qualidade de vida.
Quais as causas da Tendinites do Ombro?
O ombro é a articulação mais móvel do corpo humano e para a sua função tem de haver um equilíbrio delicado entre movimento e estruturas estabilizadoras. A coifa dos rotadores tem uma função central no ombro pois é fundamental nos movimentos de elevação e rotação à medida que também estabiliza a articulação. Assim, a inflamação destes tendões está associada a dor e alterações da biomecânica do ombro.
A tendinite pode ser causada por vários fatores. Apesar do trauma ser uma causa óbvia, a tendinite ou tendinopatia da coifa dos rotadores está mais frequentemente associada a movimentos repetitivos, sobrecarga e a posturas erradas no trabalho. Dessa forma, existem profissões com maior risco de desenvolverem esta patologia como são as ligadas à construção civil, mecânica e confecção devido à sua exigência física e outras como professores e trabalho de secretária e computador associadas a posturas erradas.
Por outro lado, também a prática de alguns desportos que envolvem o uso constante dos membros superiores como o ténis, remo, andebol e basquetebol têm risco aumentado para estas patologias. Para além destes fatores, a anatomia e genética de cada indivíduo, um estilo de vida sedentário e uma má prática desportiva parecem também desempenhar um papel importante.
Sinais e sintomas da Tendinites do Ombro
Dor e falta de força são os sintomas mais frequentes, principalmente quando se realizam movimentos de elevação anterior do ombro e rotação externa. Contudo, a dor pode estar presente em repouso e ser ainda mais intensa durante a noite, podendo mesmo perturbar o sono. Os sintomas podem surgir subitamente, mas o mais típico é terem um início gradual e progressivo.
Diagnóstico Tendinites do Ombro
Raio X
O Raio X é um exame barato e facilmente acessível. É um bom exame diagnóstico inicial, principalmente naqueles em que existe trauma associado. Permite facilmente fazer diagnóstico diferencial com outras patologias que também causam dor no ombro como fraturas, artrose do ombro e tumores.
Ressonância Magnética
A ressonância magnética é o exame por excelência para avaliação dos tecidos moles. Permite excluir outras patologias mais graves como rotura da coifa dos rotadores, roturas do labrum ou tumores.
Tratamento Tendinites do Ombro
Conservador
Quando realizar? É sempre o primeiro método de tratamento inicial pois quando corretamente implementado consegue restabelecer o equilíbrio do ombro.
Opções de tratamento?
- Medicação e Repouso – Uso de anti-inflamatórios e analgésicos associados ao repouso podem ser eficazes isoladamente numa fase inicial da doença. Tornam-se menos eficazes, de forma isolada, à medida que os sintomas se tornam mais crónicos, principalmente a partir dos 3 meses.
- Fisioterapia e Reabilitação através do exercício – A maioria dos estudos científicos demonstra que um programa de exercícios de reabilitação bem estruturado é eficaz no tratamento da patologia e que é possível o regresso ao trabalho e ao estado prévio do doente. O objetivo da reabilitação deve ser restaurar a mobilidade e o equilíbrio biomecânico do ombro.
- Infiltração com corticoide -As infiltrações com corticoides são uma importante arma analgésica para o controle da dor. Devem ser usadas se a medicação oral não for suficiente para o controle da dor ou em situações agudas ou de dor noturna importante. As infiltrações são um procedimento seguro, mas invasivo, pelo que deve ser utilizado de forma criteriosa.
- Infiltrações com PRPs (fatores de crescimento): Os PRPs ou plasma rico em plaquetas são fatores de crescimento que podem ajudar na cicatrização do processo inflamatório e na regeneração do tendão degenerado. Este técnica consiste em utilizar o plasma e as plaquetas do próprio doente, que são previamente extraídas e seguidamente passam por um processo de centrifugação para preparar estes fatores de crescimento para depois serem infiltrados no local lesionado. Este procedimento é realizado em regime de ambulatório e o doente tem alta logo a seguir à infiltração, se clinicamente estável.
Cirúrgico
Quando realizar? O tratamento cirúrgico para o tratamento da tendinite da coifa dos rotadores é sempre a excepção estando apenas indicado se o tratamento conservador falhar.
Técnica – Consiste na realização de bursectomia com ou sem acromioplastia. Este procedimento é realizado por artroscopia que é uma técnica minimamente invasiva através de pequenas incisões na pele (<0,5 cm). O objetivo é a visualização de toda a articulação do ombro através de uma ótica fazendo o diagnóstico de possíveis lesões e a limpeza de todo o tecido inflamado e da bolsa subacromial.
Este procedimento pode ser associado à acromioplastia que consiste na regularização da face inferior do acrômio (cerca de 4 mm) de forma a realizar uma descompressão do espaço subacromial e a diminuir o conflito entre a cabeça do úmero e os tendões da coifa dos rotadores e o acrômio quando se realiza elevação do ombro.
Pós-operatório
- Ombro não é imobilizado
- Retira os pontos cirúrgicos aos 15 dias
- Deve iniciar programa de reabilitação determinado para cada doente individualmente
Como prevenir a Tendinites do Ombro?
O exercício físico e um estilo de vida saudável são fundamentais para prevenir as tendinites da coifa dos rotadores, pois permitem a manutenção do equilíbrio e estabilidade do ombro. Apenas dessa forma se conseguem resultados duradouros que vão proporcionar um ombro mais forte e resistente que permitirá realizar atividades repetitivas e a correção de erros posturais. O tabaco tem um efeito negativo na coifa dos rotadores contribuindo para a sua degenerescência precoce
Quando procurar Especialista Ortopedista?
- Dor que necessite de medicação analgésica mais de 3 dias seguidos
- Dor por mais de uma semana, sem necessidade de medicação
- Dor associada a perda de mobilidade
- Dor noturna que prejudique o sono
- Se existiu trauma prévio
- Dor intensa